Estiagem

Emater contabiliza prejuízos de R$ 451 milhões em nove municípios

Se não chover no prazo de 15 dias, perdas podem ultrapassar R$ 1 bilhão

Foto: Jô Folha - DP - Prefeitos da Azonasul discutem estratégias para enfrentar os problemas

Por Luciara Schneid
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Com a agropecuária como base da economia de seus municípios, prefeitos e secretários de Agricultura da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) se reuniram, na manhã desta segunda-feira (9), para discutir estratégias a fim de enfrentar as consequências da estiagem que atinge a região.

Até agora, seis municípios da Zona Sul registraram a situação de emergência junto à Defesa Civil do Estado, mas ao longo desta semana, este número deve crescer significativamente. Durante a reunião, pelo menos 11 manifestaram a intenção de assinar o decreto, nos próximos dias. Dos 22 associados, apenas Amaral Ferrador ainda registra índices menores de perdas. No Estado, conforme dados da Defesa Civil, 53 municípios declararam ou emitiram decretos de situação de emergência, 13 tiveram o decreto homologado pelo Estado e um reconhecido pela União.

Números apresentados pelo extensionista da Emater Regional, Ronaldo Maciel, são preocupantes. Até a manhã desta segunda, nove municípios (Arroio Grande, Herval, Capão do Leão, São José do Norte, Piratini, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Canguçu e Cerrito) possuíam o laudo circunstanciado realizado pela Emater concluído. As perdas nestes nove municípios calculadas pela entidade somam R$ 451 milhões e, segundo o técnico da Emater, podem ultrapassar R$ 1 bilhão, caso não chova nos próximos 15 dias. E segundo Maciel, os prognósticos de chuva não são bons para os próximos dias.

As perdas se referem às culturas do milho grão (30%), soja (15%), milho silagem (35%), leite (30%), bovinos corte (35%), abóbora Cabotá (35%) e feijão (25%). “As perspectivas não são favoráveis daqui para a frente e em alguns municípios, as perdas na agricultura já superaram 80%”, ressaltou. Segundo ele, muitos produtores sequer conseguiram concluir o plantio da soja e o seguro só indeniza sobre as culturas germinadas.

Outro dado alarmante apresentado por Maciel e que apontou para a necessidade de adoção de medidas preventivas pelos municípios é a edição sucessiva dos decretos de emergência por parte de alguns municípios. “Nos últimos 18 anos, em municípios como Arroio Grande, Jaguarão, Herval, Pedro Osório e Cerrito, em 50% deste período aconteceram estiagens com decretos”, ressaltou. Herval, por exemplo, teve oito decretos. Segundo ele, isso permite determinar os locais em que chove menos e onde devem ser priorizadas ações para prevenir ou atenuar os efeitos da estiagem.

O presidente da Azonasul, prefeito de Cerrito, Douglas Silveira, salientou que os municípios precisam garantir a celeridade nas homologações pelo Estado e União dos decretos de emergência. “Quando os recursos chegam aos municípios, já não podem ser investidos pelo tempo decorrido”, diz. Além disso, propôs reivindicar uma política eficaz para o abastecimento humano de água, com a agilização da destinação de recursos à perfuração de poços artesianos, construção de açudes e aquisição de caixas d'água e cisternas. “É preciso que o Estado libere os recursos do projeto Avançar RS, já aprovados e que ainda não chegaram aos municípios”, diz.

Ele também lembrou a dificuldade para a liberação dos licenciamentos ambientais necessários à construção de barragens e micro-barragens, o que facilitaria o acesso à irrigação. Outra questão levantada pela maioria dos prefeitos se refere à aquisição de caminhões-pipa pelas prefeituras e maquinário necessário para a construção dos açudes. “Não existe prevenção à estiagem na agricultura sem a habilitação aos recursos para a irrigação”, salientou Silveira.

As reivindicações dos prefeitos foram apresentadas, através de participação por vídeo, do secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, que prometeu conversar sobre o tema com o secretário de Agricultura, Giovani Feltes, após a Azonasul formalizar as demandas junto ao governo do Estado; ​

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